Por Susannah Vila
Você pode encorajar os
cidadãos a denúnciar crimes eleitorais praticados em suas zonas
eleitorais e mapear esses crimes usando o Ushahidi. Para ser bem
sucedido, crie uma estratégia para alimentar sua plataforma antes
mesmo de instalá-la. Aqui vão algumas diretrizes para ajudá-lo com
isso. Se você seguir todos esses passos, será capaz de
documentar os crimes eleitorais e levá-los a julgamento na
justiça ao mesmo tempo em que cria um grupo organizado de cidadãos
ativos e civicamente engajados.
Passo 1.
Crie um cronograma.
Quanto tempo falta até as próximas eleições? 2 anos? 4 anos?
Quanto mais tempo melhor, mas independente de quanto tempo você
tenha disponível, planeje antecipadamente. Inclua no seu
cronograma:
-Metas a atingir por diferentes indicadores durante o processo eleitoral (veja
o passo 2)
-Interação com
públicos diferentes e quando isso pode ser feito (veja passo
3)
Passo 2.
Você quer registrar o
máximo possível de denúncias na sua plataforma, mas para qual
finalidade? Decida qual será
sua meta principal e considere colocar esse objetivo de forma clara e
bem localizada em seu site, por exemplo numa “caixa de diálogo”
com o título “Sobre nós.”
Passo 3.
Identifique o
público-alvo. Isso é importante na escolha das
melhores mídias para atraí-los para sua causa e deixá-los a par da plataforma e
de como esta funciona.
Aqui estão grupos
diferentes que você terá de identificar e entrar em
contato:
1. Parceiros
Regionais/Distritais (ver passo 4 e 5)
2. Multidões (ver
passo 6)
3. Voluntários ( ver
passo 7)
Passo 4.
Descubra quem são seus
aliados. Faça uma lista com o nome de todos os grupos que considere
que podem lhe apoiar, e irão devotar seus recursos pela sua causa,
por eleições livres e justas no Brasil. Isso inclui associações,
empresas, categorias trabalhistas, ONGs sérias, cooperativas,
instituições religiosas que podem não possuir a experiencia tecnológica
do seu time e o contato com ativistas jovens e empenhados, mas que tem processos estabelecidos para monitorar as eleições. Você constrói
sua própria estratégia em paralelo aos métodos já consagrados por
essas intituições.
Dica!
Identifique e entre em
contato com ativistas e projetos já existentes nessa linha, pois
irão lhe ajudar a promover e apoiar o seu projeto,
incluindo a certeza do armazenamento da informação coletada e de que a
rede de pessoas engajadas com a causa sejam reaproveitadas nas próximas
eleições ou outros eventos.
Passo 5.
Entre em contato com
todos da sua lista. Considere convidá-los para uma reunião informal. Em
seu primeiro encontro com esses grupos, decida a natureza da
colaboração de cada um – vocês irão criar uma aliança que
enviará todas as denúncias para a mesma plataforma, ou isso será
suficiente para ter certeza de que estão compartilhando informações
uns com os outros sobre seus esforços? Vocês estão incluindo o
registro de eleitores em sua campanha? Você quer que as denúncias
comecem antes da votação (com as evidências de compras de voto,
por exemplo), e em caso positivo quanto tempo antes da votação
propriamente dita? Como você saberá que os esforços empregados em
sua empreitada divulgarão o sucesso (ou não) de sua plataforma?
Dica!
Quando se encontrar
com os parceiros de sua região/destrito, enfatize que a mesma
campanha pode ter multiplos resultados positivos. Podendo ir além da observação
eleitoral colaborativa impactando em suas áreas de interesse
primário, seja na formação dos eleitores, no registro eleitoral,
no engajamento anti-corrupção e na educação cívica. Considere indicar
líderes para defender essas bandeiras, gerentes de suas próprias
sub-campanhas, com objetivos únicos.
Dica!
Quais
são as maiores comunidades brasileiras no exterior e com quem você
pode se comunicar no período das eleições? Se você não é um
brasileiro nato, certifique-se de que há uma boa razão para você
levar esse projeto a cabo (você tem certeza de que não há nenhum
brasileiro vivendo em seu próprio país de origem que possa liderar essa
iniciativa?) e comece a se comunicar o mais rápido possível com
aliados que tenham relações com os cidadãos, ativistas e demais
instituições atuantes. Nesse caso é muito importante identificar e
se comunicar
com os brasileiros que vivem fora do país.
Passo 6.
Divulgue para o máximo
de pessoas possível. Aqui tem algumas ideias:
- panfletos, eventos,
desenhos que motivem seu público alvo
- Consiga a atenção
da mídia, seja fazendo [por exemplo] um evento musical ou uma competição
que reúna uma multidão de jovens no mesmo local. Aproveite a
exposição que você terá na mídia e divulgue a sua causa. Mire os
formadores de opinião das redes sociais e blogs.
Passo 7.
Envolva os voluntários
no seu plano geral de divulgação e publicidade. Torne sua equipe
inicial disponível para as pessoas interessadas pelo seu projeto. Assim
que começar a ter pessoas interessadas em cooperar, você precisará
atribuir funções diferentes para cada participante e delegar
responsabilidades, a começar pelo grupo principal.
Por exemplo:
Coordenador de voluntários
Conselheiro técnico
Equipe de verificação (ou estratégica se você estiver
customizando a plataforma do Ushahidi para incluir verificações
automáticas das denúncias recebidas)
Passo 8.
Torne as coisas o mais
simples possível para os parceiros e voluntários colaborarem.
Defina as plataformas de colaboração. Exemplos:
Um chat público no skype
Um grupo no google
Um grupo no facebook
Uma hashtag ou nome de usuário do twitter
Se lembra das metas
definidas no cronograma? Certifique-se que esse cronograma esteja em
vários lugares – seja no topo das postagens do grupo do facebook,
do grupo do google, etc.
Dica!
É aconselhável ter no
mínimo dois grupos, um para o público em geral e outro para o seu
grupo principal. Saiba diferenciar o conteúdo a ser publicado em
cada grupo.
Passo 9.
Fontes de informação
Celulares – SMS
– Você quer pegar um número de celular usando o Frontline SMS ou
Clickatell, usar um código curto, ou ambos? O SMS é recomendado,
mas lembre-se que você terá que arrumar um jeito de mapear essas
denúncias feitas por mensagens de texto por conta própria, a não
ser que você possa conseguir esses dados com a compania telefônica que lhe passou o
código curto. Sua decisão deve levar em
conta o nível de cooperação da compania telefônica, incluindo se
já houve ou não um diálogo prévio com ela.
Email/Twitter/Outras
redes sociais – Certifique-se de adquirir toda a informação
necessária ao recolher as denúncias nessas plataformas. Considere a
possibilidade de criar um formulário na internet para conectar as
pessoas das mais diversas redes sociais e que peça todos os dados necessários: dados detalhados sobre a
localização, categoria e multimidia.
Denúncias nos veículos
de comunicação e jornalistas – Reúna as noticias envolvendo
denúncias (você pode delegar essa tarefa a um grupo de
voluntários).
Passo 10.
Equipe de
verificação e estratégia. Recomenda-se ter um time de
verificação capaz de receber alertas da plataforma sobre casos
acontecidos nas zonas eleitorais e preparado para descobrir o que
esta acontecendo. Melhor ainda, peça a um grupo de voluntários
residentes próximo ao local (lembre-se dos passos 4 e 5) ou
jornalistas da região para fazerem isso. Você terá que decidir se
todas as denúncias devem ser monitoradas, ou apenas aquelas de
fontes suspeitas. Você pode configurar o Ushahidi para que as
denúncias de fontes confiáveis sejam computadas automaticamente.
Passo 11.
Fechando
o ciclo de informações.
Como você irá mostrar as pessoas que lhe forneceram informações
que você realmente as recebeu? Certifique-se de ter um sistema que
diga aos colaboradores que as denúncias feitas foram recebidas e que
você está disposto a ir até o fim nessa empreitada.
Qual atitude tomar
com todos os dados em mãos? Como a documentação digital pode
ser utilizada nos tribunais brasileiros? Certifique-se de preservar a
documentação de fraude eleitoral recebida pela sua plataforma para
que ela possa servir de prova para prender os responsáveis pelos
crimes.
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