Por Andy Goodman
Ao
planejar uma palestra foque-se nos ouvintes, fatos e provas
científicas por si só são insuficientes para mudar a impressão
das pessoas em relação a um determinado tema que você esteja
empenhado em abordar, portanto descubra o que é importante para elas
e a partir dessa perspectiva apresente seus argumentos, fatos, provas
científicas e estatísticas.
A
é o que eles pensam e sentem sobre o assunto quando entram no
auditório. B é o
que você quer que eles pensem e sintam sobre o assunto ao sair do
auditório.
Para
conduzir os ouvintes de A
para B, você deve
conhecer algo sobre o público que irá lhe ouvir. Isso requer uma
entrevista com o organizador da conferência que agendou a sua
sessão/palestra. Se você está lidando com uma única organização,
isso significa encontrar alguém de dentro (da organização) que
possa lhe dar uma pista sobre o tipo de participantes que lhe
aguardam no evento. Seja lá qual for as circunstâncias, sempre
haverá alguém que conhecerá o público que lhe aguarda melhor que
você.
Ao
encontrá-los, pergunte-os tudo o que puder e tome nota à medida que
forem lhe respondendo:
Quem
estará no auditório?
Uma
das formas de entediar o público é falar acima ou abaixo de seu
nível de conhecimento ou fora de suas vivências profissionais.
Conhecer seus cargos, funções, atividades e aprender o máximo que
puder sobre os interesses deles e dominar o tema que você irá
abordar lhe ajudará a calibrar seu discurso ao nível do seu
público. Um meio de ajustar o seu discurso ao público em cima da
hora é começar a palestra perguntando a platéia: “O que vocês
querem aprender sobre o assunto a ser abordado hoje? E qual é o
aspecto desse tema que despertou o interesse de vocês?”
O que
eles sabem ou acreditam que pode servir para fundamentar meu
discurso?
Raramente
você irá se deparar com uma platéia que seja como uma folha em
branco. Eles estão propensos a terem alguma impressão sobre seu
tema, e você quer estimular o interesse ou apoio que houver.
Se você estiver
propondo a manutenção do armamento civil –
contra as propostas de desarmamento –,
por exemplo, você pode acabar constatando que algumas pessoas são
resistentes à ideia de a população se armar em massa. Mas você
também provavelmente descobrirá que estas mesmas pessoas se sentem
incomodadas com uma legislação que, na prática, desarmaria apenas
os cidadãos de bem, enquanto os bandidos continuariam infringindo a
lei neste ponto também, e isso lhe dará a chance de ter um ponto
melhor com o qual começar.
(De
fato, foi isso o que ocorreu no referendo de 2005 no qual se propôs
o desarmamento civil: as pessoas no início das campanhas estavam a
favor do desarmamento, e as pesquisas todas apontavam para uma
vitória do "Sim". No entanto, com a argumentação de que
com a nova legislação o cidadão de bem iria se desarmar, mas os
bandidos não, os apoiadores do "Não" reverteram
dramaticamente o quadro de intenções e acabaram vencendo.)
Quais
objeções/empecilhos que o público pode apresentar?
Ninguém
deseja cair em uma armadilha. Se a palestra estiver cheia de pessoas
hostis ou que tenham alguma razão para se opor a você, saber disso
antecipadamente irá lhe ajudar a formular argumentos que desfaçam
qualquer uma das objeções que lhe apresentem. Logo comece sua
palestra apontando todas as possíveis objeções ao seu ponto de
vista sobre o tema e refute-os um por um. Somente após essa medida
você estará livre para prosseguir para a conclusão da sua meta
relacionada ao seu tema em questão.
Ao fim
da palestra, o que você deseja que o público aprenda?
Em
uma palestra típica de uma hora de duração, o público se lembrará
apenas de alguns pontos. Então quando for planejar seu discurso,
pergunte a si mesmo: Quais são os 3 ou 4 pontos fundamentais que eu
quero que o público leve consigo no caso de não se lembrarem de mais
nada do que foi dito?
Ao fim
da palestra, que impressão você quer que eles tenham sobre o tema?
Seres
humanos são criaturas emocionais por natureza. Se você apresenta
informações sem se quer despertar suas emoções, o resultado final
será sempre um público que dirá, “Até que a palestra foi
legalzinha,” e então retornarão prontamente as suas respectivas
rotinas e se esquecerão de tudo o que você falou. Se você quer que
o público sinta indignação, esperança, curiosidade, raiva, ou
inspiração, você deve passar essas emoções na sua fala [a
questão se trata de uma combinação precisa do que e como você
fala], então saiba antecipadamente como você irá se expressar.
Observação:
Palestrantes
experientes que apresentam o mesmo tema inúmeras vezes fazem essas
perguntas préviamente para poder adaptar o seu material a sua nova
audiência. Uma boa prática antes de ministrar uma palestra é pedir
aos seus anfitriões para preencher um questionário que lhe
fornecerá os detalhes pertinentes para elaborar o seu discurso.
Duração:
Menos é mais
Quando
o tempo de sua palestra já está préviamente fixado
Maioria
dos encontros, conferências e palestras duram uma hora. A
expectativa geral entre os planejadores da sessão é que 45-50
minutos serão destinados a apresentação e os 10-15 minutos
restantes ficarão para responder as perguntas do auditório. (Quando
o tempo da palestra é de 30 minutos se espera que 20-25 minutos
sejam destinados a apresentação e os 5-10 minutos restantes sejam
para responder as perguntas do auditório.)
Se
você considera que precisa de mais tempo para transmitir seu
conhecimento de maneira que o público o assimile, então você tem
duas escolhas: (1) pedir um tempo maior, ou (2) adaptar a sua
palestra ao tempo proposto e abordar apenas os pontos mais
importantes. Caso isso deixe a platéia sedenta por mais – o que é
uma boa coisa – você sempre pode entregar-lhes um material
informativo que cobrirá os outros pontos que você não teve tempo
de comentar, se oferecer para ficar depois do tempo combinado para
sanar qualquer dúvida a mais que possa ter surgido, ou deixar seu
e-mail para qualquer esclarecimento. A única atitude irresponsável
que um palestrante pode ter nesse caso é despejar toneladas de
informação sobre o público independente do tempo disponível para
realizar tal façanha.
Enquanto
alguns palestrantes imaginam que essa abordagem dá ao público “mais
informação pelo tempo e dinheiro investido,” isso na verdade
presta um grande desserviço. Uma apresentação concisa permite ao
ouvinte focar nos pontos chaves e organizá-los mentalmente de uma
maneira que faça sentido. Resumidamente estudantes aprendem e
assimilam muito mais quando poucas informações são apresentadas.
Haverá
ocasiões em que irão lhe dar mais tempo do que você precisa para
transmitir o seu conteúdo. Nessas circunstancias, é desnecessário
preencher o tempo restante. Ou seja se lhe pedirem para fazer uma
apresentação de mais de uma hora e meia pergunte o porque disso,
mesmo que lhe paguem mais pelo tempo extra! Menos é mais, é
melhor deixar o público com o gosto de quero mais e ter a
possibilidade de fazer uma outra palestra [de mesma duração e em
uma outra ocasião] do que saturá-los despejando toneladas de
informação de uma só vez. Seu objetivo é que assimilem e/ou
apliquem o conteúdo.
Quando
o tempo da palestra é flexível
Se
a duração da palestra depender apenas da sua vontade, pense no
tempo que você levará para (a) transmitir o seu conhecimento, (b)
aplicar exercícios para assimilação do conteúdo, e (c) deixá-los
aptos para aplicar o que acabaram de aprender ou empregar a
habilidade que acabaram de adquirir.
Quando
planejar uma sessão de mais de uma hora, é necessário estipular um
intervalo. Depois de vinte minutos de fala ininterruptos, há uma
queda nos níveis de atenção e/ou atividade mental, logo uma pausa
é mais do que necessária. É como se as pessoas precisassem
esvaziar a mente para que possam voltar a absorver mais informações.
Quando
a duração da palestra é determinada por você, estipule o tempo
que lhe for necessário. Porém tenha em mente que durante uma hora
de palestra, as pessoas se lembrarão apenas de uma coisa ou outra
que foi dita. Provavelmente se lembrarão apenas de três coisas.
Portanto escolha três coisas, ilustre-as com exemplos, e repita.
Estatísticas, raciocínio dedutivo, relatos, fatos históricos,
argumentos filosóficos, exercícios interativos, anedotas e
estímulos sensoriais podem ser usados para reforçar o seu ponto. Se
lhe faltar uma boa história ou analogia para ilustrar o seu ponto é
melhor deixá-lo de lado, pois se não há elementos suficientes para
convencer o público do seu ponto qual seria a finalidade de mantê-lo
em seu discurso?
Uma
vez que você tenha decidido quais os pontos são essenciais para a
sua palestra, organize o seu material de forma que seja capaz de
encontrar informações, imagens, histórias e outros elementos que
irão reforçar cada ponto chave – e deixe o resto de lado. Reduza
as informações e imagens ao essencial, o excesso só serve para
confundir e sobrecarregar o público. Então na dúvida se algo fica
ou não, descarte. Lembre-se: menos é mais.
Invista
na interatividade
Há
três bons motivos para incorporar exercicíos interativos em
qualquer apresentação após os primeiros 10 ou 15 minutos:
Primeiro,
o público anseia por isso.
Eles querem interagir com o palestrante e/ou outros membros da
platéia e são raras as palestras que dão essa oportunidade.
Segundo,
isso ajuda a quebrar o fluxo de informação de mão única. A
duração de tempo que uma pessoa pode se concentrar mentalmente em
uma atividade é curta, e há inúmeras oportunidades para que as
pessoas se distraiam [desde cadeiras desconfortáveis até a
temperatura do ambiente é motivo para se distrair]. Os seres humanos
tem um certo limite para absorver informações ininterruptamente,
passando desse limite eles irão se distrair e vão começar a mexer
no celular entre outras coisas. Um exercício interativo aumenta o
fluxo sanguíneo quando as pessoas se levantam ao mesmo tempo em que
deixa suas mentes ativas.
Terceiro,
exercícios interativos aceleram o aprendizado.
O aprendizado é um processo de três passos. No primeiro passo, você
adquire informação – nesse caso comparecendo a palestra. No
segundo passo, você interpreta a informação para determinar como
isso se aplica a sua vida ou profissão. E no terceiro passo você
aplica a nova informação, colocando-a em prática de alguma forma.
Exercícios interativos permitem aos ouvintes aplicar o que acabaram
de aprender, completando assim o processo de aprendizado.
Observação: A
forma mais simples de interação é abrir a sessão para perguntas
no final da palestra, porém essa forma de interação é
insuficiente para atender as necessidades do público. É
aconselhável que o palestrante procure verificar o nível de
compreensão do público sobre o tema periódicamente ao decorrer da
palestra. Pequenas sessões de aberturas para perguntas durante a
palestra são capazes de quebrar o fluxo de informação de mão
única, dar aos ouvintes tempo de digerir o que eles acabaram de
escutar, e previnir que alguns participantes fiquem completamente
perdidos.
Outra
alternativa é exibir vídeo-clips para quebrar exposição e dar a
oportunidade do público de conversar entre si. Também pode ser
feito um exercício em que as pessoas fazem uma lista de coisas ao
seu respeito e então escolhem apenas três itens para utilizar ao se
apresentar a pessoa do seu lado.
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