quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Colabore de Forma Efetiva e Organize uma Coalizão


Por Susannah Vila

Uma coalizão formal é um agrupamento de organizações e indivíduos em torno de uma questão ou campanha.

Formar uma coalizão significa aumentar os recursos que você possui e quantos mais recursos tiver, maior será sua influência e poder. Trabalhe com todos – com a população, grupos aliados, instituições públicas e privadas – e deixe-os contribuir com sua causa.

 

Passo 1.


A campanha [para a qual você está trazendo outros ativistas e organizações] deve ter visibilidade e objetivos claramente definidos. Eles precisam compreender o porquê de estarem juntando forças com você. Qual o resultado final que você almeja e quais são os procedimentos necessários para consegui-los?

 

Passo 2.


Qual é o seu cronograma? Dependendo da duração que a sua campanha terá, seja curta ou longa, você pode optar por criar um concílio temporário ao invés de uma coalizão.

 

Passo 3.


Ao pensar sobre isso, você poderá se surpreender com o número de aliados que encontrará pelo caminho. Grupos, instituições, organizações, empresas e indivíduos que compartilham os mesmos interesses que você são entidades com as quais você pode contar. Faça uma lista de possibilidades.

 

Passo 4.


Tendo identificado organizações que tenham objetivos similares, estude-as. Faça seu dever de casa. Saiba tudo a respeito das organizações que irá contatar antes mesmo de fazer o primeiro contato. Saiba em quais projetos estas entidades estão trabalhando, os projetos que já concluiram e como essas organizações podem contribuir para a sua causa.

 

Passo 5.


Não negligencie alianças incongruentes, ou pessoas das quais as visões politicas divergem das suas se os seus objetivos pelo menos estejam alinhados no curto prazo. É surpreendente a frequência com que grupos distintos podem se aliar em torno de uma única causa.

 

Dica!


A probabilidade de sucesso é maior quando um grupo de pessoas elaboram as táticas e estratégias tendo vivências distintas e possuem a capacidade de ter um ponto de vista sobre a situação completamente inédito e vir com uma solução criativa ou inesperada.

 

Passo 6.


Comuniquem-se. Usem todos os meios de comunicação disponíveis (uma visita, um telefonema, um e-mail) pense no que for mais apropriado baseando-se na acessibilidade do grupo e da fluência de cada um no uso das novas tecnologias.

Mencione o que você aprendeu em sua pesquisa e o motivo pelo qual você considera que os seus objetivos e de seus possíveis aliados convergem. Tendo definido os passos dos quais consistirão a sua campanha, mostre a eles como podem se encaixar no seu cronograma explicando isso de uma maneira clara e concisa.

 

Dica!


Uma coalizão pública e formal pode ser mais problemática do que o imaginado. Considere o trabalho conjunto com outras instituições de modo informal, [ou seja] de maneira implícita.

 

Passo 7.


Marque um encontro com todos os que se dispuseram a participar para que se conheçam. Permita a cada um falar de seus projetos pessoais e discorrer sobre como esta operação conjunta se dará.

 

Passo 8.


Acompanhe. Entre em contato com os grupos uma segunda vez para sintetizar o acordado e enfatizar os próximos passos.

 

Passo 9.


Crie um diretório central ou um comitê de coordenação composto por um pequeno núcleo de indivíduos capazes e dispostos a dedicar mais tempo e energia que os demais.

Se você é uma dessas pessoas, aceite sua posição de liderança. Caso esteja fora desse grupo, apoie-o onde, quando e como puder e ofereça seus melhores conselhos. Deixe-os tomar as decisões pelo grupo, assim seu trabalho irá progredir eficientemente.

 

Passo 10.


Confiem uns nos outros.

 

Passo 11.


Possibilite que a confiança se estabeleça, torne o ambiente propício para que todos sejam o mais transparente possível. Use as ferramentas que são úteis para a colaboração, como o Google documents (bom porque qualquer pessoa pode acessar o documento uma vez que esteja logado no Gmail).

 

Passo 12.


Criem o calendário em conjunto para os mais variados eventos e encontros de cada oraganização para que qualquer um possa comparecer às reuniões de outro alguém. Garanta que não haja eventos com datas e/ou horários conflitantes!

 

Dica!


O consenso é difícil de alcançar. Considere ampliar a definição disso – você pode combinar que o consenso é atingido mesmo quando uma porcentagem menor que 100% concorda? Talvez uma regra estabelecendo o consenso como a adesão de 2/3 dos presentes?

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domingo, 9 de novembro de 2014

Como Fazer um Observatório Eleitoral Colaborativo

Por Susannah Vila

Você pode encorajar os cidadãos a denúnciar crimes eleitorais praticados em suas zonas eleitorais e mapear esses crimes usando o Ushahidi. Para ser bem sucedido, crie uma estratégia para alimentar sua plataforma antes mesmo de instalá-la. Aqui vão algumas diretrizes para ajudá-lo com isso. Se você seguir todos esses passos, será capaz de documentar os crimes eleitorais e levá-los a julgamento na justiça ao mesmo tempo em que cria um grupo organizado de cidadãos ativos e civicamente engajados.

 

Passo 1.


Crie um cronograma. Quanto tempo falta até as próximas eleições? 2 anos? 4 anos? Quanto mais tempo melhor, mas independente de quanto tempo você tenha disponível, planeje antecipadamente. Inclua no seu cronograma:

-Metas a atingir por diferentes indicadores durante o processo eleitoral (veja o passo 2)
-Interação com públicos diferentes e quando isso pode ser feito (veja passo 3)

 

Passo 2.


Você quer registrar o máximo possível de denúncias na sua plataforma, mas para qual finalidade? Decida qual será sua meta principal e considere colocar esse objetivo de forma clara e bem localizada em seu site, por exemplo numa “caixa de diálogo” com o título “Sobre nós.”

 

Passo 3.


Identifique o público-alvo. Isso é importante na escolha das melhores mídias para atraí-los para sua causa e deixá-los a par da plataforma e de como esta funciona.

Aqui estão grupos diferentes que você terá de identificar e entrar em contato:

1. Parceiros Regionais/Distritais (ver passo 4 e 5)
2. Multidões (ver passo 6)
3. Voluntários ( ver passo 7)

 

Passo 4.


Descubra quem são seus aliados. Faça uma lista com o nome de todos os grupos que considere que podem lhe apoiar, e irão devotar seus recursos pela sua causa, por eleições livres e justas no Brasil. Isso inclui associações, empresas, categorias trabalhistas, ONGs sérias, cooperativas, instituições religiosas que podem não possuir a experiencia tecnológica do seu time e o contato com ativistas jovens e empenhados, mas que tem processos estabelecidos para monitorar as eleições. Você constrói sua própria estratégia em paralelo aos métodos já consagrados por essas intituições.

 

Dica!


Identifique e entre em contato com ativistas e projetos já existentes nessa linha, pois irão lhe ajudar a promover e apoiar o seu projeto, incluindo a certeza do armazenamento da informação coletada e de que a rede de pessoas engajadas com a causa sejam reaproveitadas nas próximas eleições ou outros eventos.

Passo 5.


Entre em contato com todos da sua lista. Considere convidá-los para uma reunião informal. Em seu primeiro encontro com esses grupos, decida a natureza da colaboração de cada um – vocês irão criar uma aliança que enviará todas as denúncias para a mesma plataforma, ou isso será suficiente para ter certeza de que estão compartilhando informações uns com os outros sobre seus esforços? Vocês estão incluindo o registro de eleitores em sua campanha? Você quer que as denúncias comecem antes da votação (com as evidências de compras de voto, por exemplo), e em caso positivo quanto tempo antes da votação propriamente dita? Como você saberá que os esforços empregados em sua empreitada divulgarão o sucesso (ou não) de sua plataforma?

 

Dica!


Quando se encontrar com os parceiros de sua região/destrito, enfatize que a mesma campanha pode ter multiplos resultados positivos. Podendo ir além da observação eleitoral colaborativa impactando em suas áreas de interesse primário, seja na formação dos eleitores, no registro eleitoral, no engajamento anti-corrupção e na educação cívica. Considere indicar líderes para defender essas bandeiras, gerentes de suas próprias sub-campanhas, com objetivos únicos.

 

Dica!


Quais são as maiores comunidades brasileiras no exterior e com quem você pode se comunicar no período das eleições? Se você não é um brasileiro nato, certifique-se de que há uma boa razão para você levar esse projeto a cabo (você tem certeza de que não há nenhum brasileiro vivendo em seu próprio país de origem que possa liderar essa iniciativa?) e comece a se comunicar o mais rápido possível com aliados que tenham relações com os cidadãos, ativistas e demais instituições atuantes. Nesse caso é muito importante identificar e se comunicar com os brasileiros que vivem fora do país.

 

Passo 6.


Divulgue para o máximo de pessoas possível. Aqui tem algumas ideias:

- panfletos, eventos, desenhos que motivem seu público alvo
- Consiga a atenção da mídia, seja fazendo [por exemplo] um evento musical ou uma competição que reúna uma multidão de jovens no mesmo local. Aproveite a exposição que você terá na mídia e divulgue a sua causa. Mire os formadores de opinião das redes sociais e blogs.

 

Passo 7.


Envolva os voluntários no seu plano geral de divulgação e publicidade. Torne sua equipe inicial disponível para as pessoas interessadas pelo seu projeto. Assim que começar a ter pessoas interessadas em cooperar, você precisará atribuir funções diferentes para cada participante e delegar responsabilidades, a começar pelo grupo principal. 

Por exemplo:

Coordenador de voluntários

Conselheiro técnico

Equipe de verificação (ou estratégica se você estiver customizando a plataforma do Ushahidi para incluir verificações automáticas das denúncias recebidas)

 

Passo 8.


Torne as coisas o mais simples possível para os parceiros e voluntários colaborarem. Defina as plataformas de colaboração. Exemplos:

Um chat público no skype

Um grupo no google

Um grupo no facebook

Uma hashtag ou nome de usuário do twitter

Se lembra das metas definidas no cronograma? Certifique-se que esse cronograma esteja em vários lugares – seja no topo das postagens do grupo do facebook, do grupo do google, etc.

 

Dica!


É aconselhável ter no mínimo dois grupos, um para o público em geral e outro para o seu grupo principal. Saiba diferenciar o conteúdo a ser publicado em cada grupo.

 

Passo 9.


Fontes de informação

Celulares – SMS – Você quer pegar um número de celular usando o Frontline SMS ou Clickatell, usar um código curto, ou ambos? O SMS é recomendado, mas lembre-se que você terá que arrumar um jeito de mapear essas denúncias feitas por mensagens de texto por conta própria, a não ser que você possa conseguir esses dados com a compania telefônica que lhe passou o código curto. Sua decisão deve levar em conta o nível de cooperação da compania telefônica, incluindo se já houve ou não um diálogo prévio com ela.

Email/Twitter/Outras redes sociais – Certifique-se de adquirir toda a informação necessária ao recolher as denúncias nessas plataformas. Considere a possibilidade de criar um formulário na internet para conectar as pessoas das mais diversas redes sociais e que peça todos os dados necessários: dados detalhados sobre a localização, categoria e multimidia.

Denúncias nos veículos de comunicação e jornalistas – Reúna as noticias envolvendo denúncias (você pode delegar essa tarefa a um grupo de voluntários).

 

Passo 10.


Equipe de verificação e estratégia. Recomenda-se ter um time de verificação capaz de receber alertas da plataforma sobre casos acontecidos nas zonas eleitorais e  preparado para descobrir o que esta acontecendo. Melhor ainda, peça a um grupo de voluntários residentes próximo ao local (lembre-se dos passos 4 e 5) ou jornalistas da região para fazerem isso. Você terá que decidir se todas as denúncias devem ser monitoradas, ou apenas aquelas de fontes suspeitas. Você pode configurar o Ushahidi para que as denúncias de fontes confiáveis sejam computadas automaticamente.

 

Passo 11.


Fechando o ciclo de informações. Como você irá mostrar as pessoas que lhe forneceram informações que você realmente as recebeu? Certifique-se de ter um sistema que diga aos colaboradores que as denúncias feitas foram recebidas e que você está disposto a ir até o fim nessa empreitada.

Qual atitude tomar com todos os dados em mãos? Como a documentação digital pode ser utilizada nos tribunais brasileiros? Certifique-se de preservar a documentação de fraude eleitoral recebida pela sua plataforma para que ela possa servir de prova para prender os responsáveis pelos crimes.


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